Do outro lado da plataforma

Nossa cidade está cheia de contradições, os choques estão presentes no nosso dia a dia de forma tão constante que muitas vezes nem nos damos conta. Passamos por mendigos no Centro do Rio apressados e eles tornaram-se, de alguma forma, personagens que compõem esse cenário. (Usei o nós como forma de generalizar, mas quando se trata dos meninos na Central, não consigo ignorar e sempre bate uma tristeza e rezo por eles...) Mas quando se está do outro lado (aquele que não é o habitual) é que nos damos conta disso.

Todos os dias pego o metrô na volta para casa, sentido Zona Norte, desta suburbana assumida que vos fala. No entanto, recentemente, ao sair do job, fui para a plataforma da Zona Sul esperar o namô para uma saidinha de meio de semana (tinhaque comemorar minha colação oficial #aproveitandocadasegundo). E foi aí que estudei as diferenças brutais separadas tão somente pelos trilhos.

A sensação era estranha... Plataforma vazia no vai e vem dos metrôs, bancos disponíveis para sentar (dava para escolher também!), carros igualmente vazios. As pessoas mais bem arrumadas, mulheres de salto alto ou altíssimo (quando não faziam o estilo alternativo) e rostos maquiados. Ao olhar para o outro lado, avistei a massa, o desespero por entrar nas composições e os trens partiam e a mesma massa parecia continuar lá.

Mais tarde, às 22h mais ou menos, estava eu na Central do Brasil, pegando o Japeri. Ali todos os caminhos levam ao subúrbio ou à Baixada, portanto, estão todos em igualdade de condições. Trem vazio, lugares para sentar, dava para escolher, mas as opções ficavam restritas devido a uma goteira bem no vagão que entrei. Sentada, me perdi por alguns instantes, não sabia exatamente em qual estação estava. E aí me dei conta de que sentada não me localizava bem porque todos os dias meu olhar era de uma passageiro em pé, que pode acompanhar o percurso sobre os trilhos. E aí constatei: tudo é uma questão de perspectiva...

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