12 horas sem celular

Pelo menos uma vez por semana quando estou caminhando para o ponto de ônibus tenho a sensação de que esqueci meu celular em casa. Checo e ele está lá lindo e belo para me acompanhar durante o dia. Mas hoje procurei quando estava dentro do ônibus e ele não estava comigo, eu realmente esqueci. E a partir daí eu teria que viver 12 horas sem ele.

Estava atrasada e ele já começou a fazer falta no metrô. Todos os dias conecto meu fone e ouço podcasts ou uma rádio e jogo joguinhos. O tempo passa voando e ainda aproveito esse tempo o tornando útil. Hoje foi diferente. Não tinha nenhum livro na bolsa então tive que curtir a agonia de parar de estação em estação, acompanhando o relógio avançando. Achei que as portas demoram muito a fechar a cada estação. Pode até ser um tempo padrão, mas nunca reparei porque me ocupava com meu celular. Pensei em avisar a chefe que ia chegar uns vinte minutinhos atrasada. Mas como? No final me entretive com duas crianças fofas perto de mim.

Ao longo do dia ele também fez falta. Quis dar uma olhada no Instagram e ele não estava aqui; voltei do banheiro e procurei por ele para apertar a tecla e ver se tinha chegado alguma novidade (mensagem, ligação perdida etc.) e nada; minha carteira ficou vazia na hora do almoço e por alguns instante pensei que tivesse perdido o dito cujo. Lembrei de ligar para uma cabeleireira, mas o telefone dela está em uma mensagem no meu celular. E mesmo que tivesse o número não poderia utilizar o telefone da empresa para marcar hora no salão.

Agora estou pensando na volta para casa. Mais uma viagem que vai durar o dobro do tempo porque esqueci o diacho do celular. Pensei até em comprar um livro no almoço, mas não deu tempo.


É, ele faz falta. Mas o que salvou mesmo foi a internet, toda rapidinha e cheia de novidades. Garantiu meu acesso às redes sociais, notícias e contato com pessoas de fora do meu trabalho. E aí pensei que essa minha experiência de 12 horas sem um smartphone não valeu de nada porque estava em frente ao computador com o mundo ao meu alcance.

Existe uma vida além de celulares e computadores, mas costumo vivê-la somente nos finais de semana. Nesses momentos não sinto falta do mundo virtual porque me ocupo em conversas, chamegos, trabalhos manuais e passeios. Mas também não me imagino sem esses recursos por perto, em caso de emergência. Com namorado morando longe, amigos que não vejo há tempos e uma enxurrada de informações em tempo real, é cada vez mais difícil exercitar esse desapego.

Acho que o mais importante é lembrar que apesar de muito funcionais, essas ferramentas não são fundamentais. Afinal, existiu um mundo anterior ao Google e às redes sociais. E minha geração viveu nele, mas nem consegue mais imaginar como foi possível.

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