Cem anos de solidão, Gabriel García Márquez

Obra prima, digna de uma salva de palmas. Essa é a minha definição para o clássico Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez. E foi assim que concluí a leitura, aplaudindo a obra. Diferentemente do que a maioria das pessoas diz, o meu encanto não se deu pela introdução, mas pela conclusão do livro, tão bem amarrado, fechando um verdadeiro ciclo. Senti de que todos aqueles anos narrados ficaram de fato guardados naquelas páginas, todos eles, do início ao fim.

Cem anos de solidão conta a história de várias gerações dos Buendía, uma família de retirantes que funda o povoado de Macondo e lá se estabelece, numa referência ao próprio Êxodo. Há outras passagens que lembram episódios bíblicos, como a ascensão da Virgem Maria aos Céus. No entanto, o livro é reconhecido, principalmente, pelo realismo fantástico que García Márquez explora com passagens que eu chamo de muitcho loucas, como um surto de insônia que acomete os moradores da cidade e uma chuva que se estende por anos.

Uma das particularidades dessa história é que os personagens dão os mesmos nomes aos seus filhos e netos e assim por diante. Minha edição possui uma árvore genealógica que consultei algumas vezes para relembrar parentescos e relacionamentos. Embora os nomes de repitam, há sempre algum elemento que os difere, como Coronel Aureliano ou Aureliano Segundo, por exemplo.

Não são apenas os nomes que se repetem, algumas sinas se mantêm geração após geração. Os nomes parecem carregar características e comportamentos semelhantes consigo. Há em todo o livro uma melancolia, uma angústia, fruto da solidão de seus personagens, sem que se a leitura se torne enfadonha. A solidão, que o título já anuncia, é apresentada em diferentes versões, sob muitos aspectos e em diferentes momentos: a solidão afetiva, a solidão de um fuzilamento, a solidão da guerra, a solidão de uma vida sem ambição ou de uma vida obstinada a encontrar respostas.

Outro ponto que gostaria de destacar é a linha narrativa que o Gabo (já íntima) utiliza. O tempo não é linear, a história avança e retrocede, mas não é confuso compreender o desenrolar dos acontecimentos. Pelo contrário, a estrutura temporal é fluida e permite conectar acontecimentos de diferentes épocas, sem se perder.

Cem anos de solidão é um clássico que merece releituras e vai oferecer novas percepções a cada uma delas. São tantos acontecimentos e riqueza de detalhes, que às vezes parecia ter lido um livro inteiro em poucas páginas. Enfim, sem me alongar mais, simplesmente recomendo muito!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Chapada dos Veadeiros, eu fui!

Visite a Fazenda São Bento, perto e de fácil acesso

A Lista de Schindler e Amon: meu avô teria me executado, Jennifer Teege