A coragem de ser imperfeito, Brené Brown

Depois de algum tempo, finalmente consegui concluir a leitura de A coragem de ser imperfeito, de Brené Brown. E ao virar a última página, poderia facilmente recomeçá-lo! Que livro denso, importante, cheio de informações e aprendizados únicos. Depois de muitas marcações, post-its, pausas e recomeços, tento registrar um pouco da minha experiência aqui.

Inicialmente foi o título que me atraiu: A coragem de ser imperfeito_Como aceitar a própria vulnerabilidade, vencer a vergonha e ousar ser quem você é. A busca por performance, produtividade, resultados e uma pretensa perfeição é uma constante atualmente. Ao nos depararmos com nossas dificuldades, nos sentimos menos dignos, pequenos e incapazes de prosperar. O livro parecia, então, trazer aquela mensagem que eu esperava ouvir: você é boa o bastante, cobre-se menos e seja feliz. Mas Brené Brown fez com que eu me debruçasse sobre cada linha com calma para ouvir ainda mais.

"'O crédito pertence ao homem que está por inteiro na arena da vida.'" (Theodore Roosevelt)

  • Já no prólogo, a autora deixa um trecho do discurso de Roosevelt e nos convida a refletir sobre o quanto nos escondemos, tentamos nos proteger dos fracassos e acabamos como espectadores de nossas próprias vidas. Os riscos e incertezas fazem parte do caminho para o sucesso e apenas ousando "entrar na arena" conheceremos nossas reais possibilidades.
  • Vivemos na era da escassez, onde vergonha, comparação e desmotivação imperam e limitam nosso crescimento. O contrário dessa cultura seria a crença em ser o bastante, o suficiente ou o que Brené chama de plenitude. Para isso, não há outro caminho a não ser abraçar nossa vulnerabilidade através da autovalorização e merecimento.

"Vulnerabilidade soa como verdade e é sinal de coragem. Verdade e coragem nem sempre são confortáveis, mas nunca são fraquezas."

  • Um dos capítulos dedica-se à compreensão da vergonha, que se transforma em medo, conduz à aversão ao risco e acaba com a inovação. Se o medo do que os outros vão pensar nos aterroriza, não conseguimos nos deixar ser vistos. O antídoto para esse sentimento é cultivar a empatia, a capacidade de sair da vergonha para o reconhecimento.

"A autovalorização nos inspira a ser vulneráveis, a compartilhar sem medo e a perseverar. Por outro lado, a vergonha nos mantém atrofiados, tímidos e medrosos."

  • Ao contrário do que se pode pensar, o perfeccionismo não nos aproxima dos nossos objetivos, mas é um desvio perigoso. Assim como a vulnerabilidade, há vários mitos que o povoam. Ele não tem a ver com se esforçar para alcançar a excelência, mas é um verdadeiro fardo que carregamos para minimizar nossa culpa ou vergonha. Não é autoaperfeiçoamento porque está na verdade focado no que os outros vão pensar. "Ele é uma forma de vergonha. Quando lutamos contra o perfeccionismo, lutamos contra a vergonha".
  • Dois capítulos são dedicados a elucidar os desafios da educação e trabalho e da criação de filhos plenos. Neles, Brené Brown traz exemplos e reflexões mais específicos e igualmente ricos para repensarmos nossas relações pessoais e profissionais.
A coragem de ser imperfeito é o resultado de mais de 10 anos de pesquisa da autora, possui uma linguagem acessível, mas traz temas densos, muitas propostas de reflexão, mudanças de postura e pensamento. Acho importante dedicar um tempo cuidadoso ao lê-lo para aproveitar ao máximo o conteúdo. Ao menos esta foi a minha experiência!

Num mundo onde a escassez e a vergonha imperam, mostrar-se vulnerável é um ato de coragem. Corremos riscos ao nos expor emocionalmente, mas é aí que reside a beleza em escolher viver com ousadia, mostrar-se e deixar-se ser visto, ser protagonista da própria história.


Palestras

Também assisti às palestras da Brené Brown no TED (disponível no YouTube) e no Netflix (Brené Brown: the Call to be Courage). As duas são maravilhosas!! Vale muito a pena ouvi-la falar sobre temas tão interessantes com seu jeito descontraído e cativante.

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