Objetos Cortantes, Gillian Flynn + Série

Objetos Cortantes foi o primeiro livro de Gillian Flynn, embora seu principal sucesso tenha sido Garota Exemplar, que li alguns anos atrás. Mais um livro com leitura fluida e super envolvente! Adoro a forma como a autora escreve, além do gênero suspense/thriller/drama conquistar muito facilmente meu coração, é claro.

Camille Preaker é a narradora de Objetos Cortantes, jornalista responsável por matérias policiais de um jornal de pouco prestígio em Chicago. Logo no início da história, ela é enviada pelo chefe a sua cidade natal, Wind Gap, para apurar dois crimes envolvendo meninas, um assassinato e um desaparecimento. Essa viagem a leva de volta a um passado cheio de questões mal resolvidas, fantasmas que a acompanhavam há anos.

Em Wind Gap, Camille conhece sua meia irmã Amma e reencontra a mãe, Adora, hospedando-se em sua casa. A cidade pequena é quase um personagem à parte, cheia de fofocas, pessoas mal intencionadas e ociosas, ar bucólico e deprimente.

Ao longo do livro, seguimos as investigações realizadas para desvendar os crimes e conhecemos melhor os personagens que povoam as relações familiares. A narrativa traz vários assuntos interessantes para debate como depressão, automutilação, alcoolismo, abuso sexual e psicológico. Por isso, é importante o alerta de possíveis gatilhos para o leitor.



Série: Sharp Objects

Acho que essa foi a primeira vez em que achei a adaptação melhor que o original. Foi com a série que consegui me conectar mais com a história e compreender que o enredo vai além da investigação criminal. Esta seria apenas pano de fundo para uma complexa e triste trama familiar. Sharp Objects é, na verdade, a história de três mulheres: Camille, Adora e Amma, além de Marian, irmã já falecida.

Confesso que ao assistir o primeiro episódio pensei em desistir. A série torna tudo tão palpável que é muito impactante. A escolha das músicas e as imagens, desde a abertura, reproduzem o clima de Wind Gap e os sentimentos dos personagens.

Na produção da HBO podemos conhecer melhor os pontos de vista de outros personagens, já que o livro é todo em primeira pessoa. O uso de flashbacks enriqueceu muito a história, o espectador pôde compreender a construção dos relacionamentos e a origem de uma série de conflitos que perduram até o presente.

A série apresenta algumas diferenças em relação ao livro, mas nada que prejudicasse a sua essência. Uma passagem da série que agregou muito à experiência foi a criação do Calhoun Day, festividade típica da cidade. Na ocasião, Wind Gap foi alçada à personagem, como falei anteriormente. Ao reunir todos os habitantes naquelas cenas, foi possível compreender os preconceitos e esteriótipos que moldavam o caráter daquelas pessoas e culminavam em conflitos internos e relacionais. A história da origem do lugar já remetia a valores questionáveis, deturpados e aplaudidos até os tempos atuais.

Exceto pelas ressalvas de possíveis gatilhos, recomendo demais a leitura de Objetos Cortantes e a série incrível com atuações impecáveis. Embora o drama abordado seja pesado, indigesto, é uma excelente oportunidade para refletir sobre diversos assuntos atuais e urgentes, principalmente saúde mental.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Chapada dos Veadeiros, eu fui!

Visite a Fazenda São Bento, perto e de fácil acesso

A Lista de Schindler e Amon: meu avô teria me executado, Jennifer Teege