Por um país melhor
O texto é longo! Mas não poderia deixar de registrar minha opinião nesse cantinho.
Desde que me entendo por gente nunca vi nada parecido com o que tem acontecido nos últimos dias no Brasil. Mudanças são mais que necessárias, são urgentes. E o povo sabe disso porque sente na pele os efeitos de uma administração pública omissa. (É bem verdade que foi esse mesmo povo que elegeu a classe de governantes que hoje escolhem quais os investimentos prioritários, mas isso já é uma luta que fica para as urnas, ano que vem.) E foi assim que, com o estopim do aumento das tarifas dos ônibus, um grupo organizado pelas redes sociais iniciou um movimento clamando por mudanças.
Diante das críticas de que seria uma movimentação desnecessária se considerados apenas 20 centavos, rapidamente teve início o #nãosãosó20centavos. E realmente não são. Inúmeros virais começaram a circular pela internet citando os gastos com Copa e Olimpíadas, enquanto a Saúde e Educação continuam precárias. Os bilhões gastos com estádios poderiam ser investidos justamente nesses setores tão importantes e ainda à margem dos interesses dos nossos governantes.
E foi assim que tudo começou. São Paulo e Rio de Janeiro lideraram o movimento e convocaram a população no #vemprarua. A ideia era que se reunisse cada vez mais pessoas com seus cartazes e palavras de ordem, todos unidos por um país melhor, afinal #oGiganteacordou. Manifestações pacíficas e emocionantes reuniram milhares de pessoas em várias capitais (inclusive fora do eixo RJ-SP), algumas terminaram em conflito, em ações de uma polícia despreparada que agia com violência desmedida.
Até então todos assistiam isso tudo com um certo receio, incluo aí a mim mesma e a imprensa. Até que houve a virada: uma repórter da Folha de São Paulo foi atingida no olho por uma bala de borracha. E aí finalmente todos se deram conta de que atitudes de vandalismo do povo não justificavam a truculência policial. E o movimento ficou lindo!
Aqui no Rio, na segunda-feira do dia 17/06, assisti da janela uma pequena multidão gritando, batucando e lutando pelo futuro do meu país e das próximas gerações. Vi umas bandeiras de partidos políticos, mas não me incomodei (o movimento é apartidário, mas democracia é isso, todos podem fazer suas vozes serem ouvidas). Vi jovens da minha geração lutando por muito mais do que apenas 20 centavos. Me emocionei, estava bonito de se ver. Depois me senti culpada, confesso. Fiquei no #vemprajanela daquela White Monday e de branco. Pensei: deveria estar lá, foram 100 mil pessoas em uníssono até o desfecho com violência.
Nos dias que se seguiram a movimentação não cessou, chegou a outras cidades e capitais. A notícia percorreu o mundo e chegou aos jornais estrangeiros. Numa quarta de jogo do Brasil pela Copa das Confederações, ao final da partida os governantes de Rio e São Paulo anunciaram o retorno às tarifas anteriores nos trens, metros, ônibus e barcas (medida já tomada em algumas cidades do sul). Mas o movimento não podia parar e todos já haviam entendido que não eram apenas 20 centavos, queríamos muito mais.
No dia seguinte era convocada a manifestação de 1 milhão de pessoas. No Rio chegamos a 300 mil e no total do Brasil, a mais de 1 milhão. Dessa vez, na Presidente Vargas, lotada e pacífica. Estava trabalhando em home office por segurança e não vi como foi exatamente que começou, a NET caiu (sem internet, sem telefone e sem televisão). Mas algumas horas depois veria um cenário de caos em Brasília e no Rio de Janeiro. Agradeci a Deus por estar em casa e bem. E comecei a me dar conta de que estávamos face a uma nova virada.
Hoje, dia 21/06/2013, me sinto refém de um grupo de manifestantes sem causas. São tantas manifestações e reivindicações, que o Brasil precisaria nascer de novo para melhorar em tudo de uma única vez. Não sou pessimista, não me entenda mal, mas um movimento como esse precisa ter objetivos concretos e palpáveis. Falta foco e organização.
A convocação pela internet mostrou mais uma vez a força da Rede, desta vez no âmbito político, e isso é importante. Mas o que tenho visto são jovens pré-adolescentes que pintam seus cartazes para postar no Face #partiu manifestação. Crianças que encaram a multidão como micareta para pegar menininhas. São pseudorevolucionários que se aproveitam do caos que tem se instaurado nos protestos para levantar qualquer bandeira. (Imagina só que até em Anchieta estão convocando manifestações. As causas, como na Baixada, podem ser muito nobres, mas esse não é o momento.)
Infelizmente ainda existe uma minoria que faz dos protestos uma praça de guerra e obriga a polícia a tomar providências, o que não quer dizer necessariamente que as mesmas sejam adequadas. Vândalos que destroem a cidade e o patrimônio público, verdadeiros bandidos que saqueiam lojas e destroem o que veem pela frente, #elesnaonosrepresentam. O movimento fica manchado e, independente de ser um grupo pequeno, essa é a cara que o protesto ganha. É um exemplo que foge completamente do que buscamos para o país.
Sendo bem radical, se for para continuarmos com atos violentos e sem causa, prefiro que isso tudo acabe o quanto antes porque não chegaremos a lugar algum. Neste exato momento pipocam convocações de manifestação por toda a cidade, por bairros e de classes minoritárias. O movimento encontra-se difuso e sem rumo... Será que estamos realmente lutando por um país melhor? Se sim, nos resta saber como o faremos. Na atual configuração só se instaura o caos e o medo nos cidadãos e não se chega às mudanças que tanto desejamos.
Desde que me entendo por gente nunca vi nada parecido com o que tem acontecido nos últimos dias no Brasil. Mudanças são mais que necessárias, são urgentes. E o povo sabe disso porque sente na pele os efeitos de uma administração pública omissa. (É bem verdade que foi esse mesmo povo que elegeu a classe de governantes que hoje escolhem quais os investimentos prioritários, mas isso já é uma luta que fica para as urnas, ano que vem.) E foi assim que, com o estopim do aumento das tarifas dos ônibus, um grupo organizado pelas redes sociais iniciou um movimento clamando por mudanças.
Diante das críticas de que seria uma movimentação desnecessária se considerados apenas 20 centavos, rapidamente teve início o #nãosãosó20centavos. E realmente não são. Inúmeros virais começaram a circular pela internet citando os gastos com Copa e Olimpíadas, enquanto a Saúde e Educação continuam precárias. Os bilhões gastos com estádios poderiam ser investidos justamente nesses setores tão importantes e ainda à margem dos interesses dos nossos governantes.
E foi assim que tudo começou. São Paulo e Rio de Janeiro lideraram o movimento e convocaram a população no #vemprarua. A ideia era que se reunisse cada vez mais pessoas com seus cartazes e palavras de ordem, todos unidos por um país melhor, afinal #oGiganteacordou. Manifestações pacíficas e emocionantes reuniram milhares de pessoas em várias capitais (inclusive fora do eixo RJ-SP), algumas terminaram em conflito, em ações de uma polícia despreparada que agia com violência desmedida.
Até então todos assistiam isso tudo com um certo receio, incluo aí a mim mesma e a imprensa. Até que houve a virada: uma repórter da Folha de São Paulo foi atingida no olho por uma bala de borracha. E aí finalmente todos se deram conta de que atitudes de vandalismo do povo não justificavam a truculência policial. E o movimento ficou lindo!
Aqui no Rio, na segunda-feira do dia 17/06, assisti da janela uma pequena multidão gritando, batucando e lutando pelo futuro do meu país e das próximas gerações. Vi umas bandeiras de partidos políticos, mas não me incomodei (o movimento é apartidário, mas democracia é isso, todos podem fazer suas vozes serem ouvidas). Vi jovens da minha geração lutando por muito mais do que apenas 20 centavos. Me emocionei, estava bonito de se ver. Depois me senti culpada, confesso. Fiquei no #vemprajanela daquela White Monday e de branco. Pensei: deveria estar lá, foram 100 mil pessoas em uníssono até o desfecho com violência.
Nos dias que se seguiram a movimentação não cessou, chegou a outras cidades e capitais. A notícia percorreu o mundo e chegou aos jornais estrangeiros. Numa quarta de jogo do Brasil pela Copa das Confederações, ao final da partida os governantes de Rio e São Paulo anunciaram o retorno às tarifas anteriores nos trens, metros, ônibus e barcas (medida já tomada em algumas cidades do sul). Mas o movimento não podia parar e todos já haviam entendido que não eram apenas 20 centavos, queríamos muito mais.
No dia seguinte era convocada a manifestação de 1 milhão de pessoas. No Rio chegamos a 300 mil e no total do Brasil, a mais de 1 milhão. Dessa vez, na Presidente Vargas, lotada e pacífica. Estava trabalhando em home office por segurança e não vi como foi exatamente que começou, a NET caiu (sem internet, sem telefone e sem televisão). Mas algumas horas depois veria um cenário de caos em Brasília e no Rio de Janeiro. Agradeci a Deus por estar em casa e bem. E comecei a me dar conta de que estávamos face a uma nova virada.
Hoje, dia 21/06/2013, me sinto refém de um grupo de manifestantes sem causas. São tantas manifestações e reivindicações, que o Brasil precisaria nascer de novo para melhorar em tudo de uma única vez. Não sou pessimista, não me entenda mal, mas um movimento como esse precisa ter objetivos concretos e palpáveis. Falta foco e organização.
A convocação pela internet mostrou mais uma vez a força da Rede, desta vez no âmbito político, e isso é importante. Mas o que tenho visto são jovens pré-adolescentes que pintam seus cartazes para postar no Face #partiu manifestação. Crianças que encaram a multidão como micareta para pegar menininhas. São pseudorevolucionários que se aproveitam do caos que tem se instaurado nos protestos para levantar qualquer bandeira. (Imagina só que até em Anchieta estão convocando manifestações. As causas, como na Baixada, podem ser muito nobres, mas esse não é o momento.)
Infelizmente ainda existe uma minoria que faz dos protestos uma praça de guerra e obriga a polícia a tomar providências, o que não quer dizer necessariamente que as mesmas sejam adequadas. Vândalos que destroem a cidade e o patrimônio público, verdadeiros bandidos que saqueiam lojas e destroem o que veem pela frente, #elesnaonosrepresentam. O movimento fica manchado e, independente de ser um grupo pequeno, essa é a cara que o protesto ganha. É um exemplo que foge completamente do que buscamos para o país.
Sendo bem radical, se for para continuarmos com atos violentos e sem causa, prefiro que isso tudo acabe o quanto antes porque não chegaremos a lugar algum. Neste exato momento pipocam convocações de manifestação por toda a cidade, por bairros e de classes minoritárias. O movimento encontra-se difuso e sem rumo... Será que estamos realmente lutando por um país melhor? Se sim, nos resta saber como o faremos. Na atual configuração só se instaura o caos e o medo nos cidadãos e não se chega às mudanças que tanto desejamos.
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