A Lista Negra, Jennifer Brown

A Lista Negra, de Jennifer Brown, já poderia ganhar uma primeira estrelinha pelo assunto escolhido para debate e reflexão: bullying. O romance adolescente aborda o tema através da perspectiva da vítima, com seriedade e linguagem acessível. Valerie e seu namorado, Nick, são alvos de uma série de brincadeiras de mau gosto dos colegas de classe e criam uma Lista Negra ondem relacionam os nomes de todos aqueles que lhes fazem mal. Nick, no entanto, leva a lista a sério e em um determinado dia chega armado à escola, atinge várias pessoas e fere outras. Val tenta detê-lo e acaba atingida, em seguida Nick comete suicídio.

O relato em si já é muito triste e nos faz revisitar uma série de histórias parecidas que ocorreram nos EUA e até mesmo aqui no Brasil. O romance chama a atenção para os riscos que brincadeiras aparentemente inofensivas podem gerar. A tragédia, entretanto, vai muito além do atentado, das perdas e sequelas e é isso que Jennifer Brown explora, os desdobramentos e marcas que todos os personagens carregam, mesmo aqueles que não estiveram envolvidos diretamente no incidente.

Valerie precisa enfrentar a desconfiança dos amigos e da própria família, precisa retornar à realidade da escola. E, ao narrar a história, podemos passear por seus sentimentos de angústia, tristeza, desesperança, entusiasmo e sua luta pelo autoconhecimento ou reconhecimento.

Gostei muito da forma como a autora estruturou o texto. Trechos de reportagens, presente e flashbacks compõem a narrativa e conduz o leitor a compreender o que levou ao atentado, o fato em si e suas repercussões. Confesso que não me apeguei aos personagens ou à história, talvez estivesse com uma expectativa muito alta ou tenha passado da fase desses livros mais "jovens". Já no finalzinho me empolguei com o desfecho e me emocionei muito (com direito à lagriminhas)!

A maneira real como a autora abordou o assunto reflete a seriedade necessária ao tratar dos sentimentos conflituosos envolvidos em casos como esse. A leitura não só é válida como muito importante para repensarmos as relações na escola, reforçar o conceito de empatia e a importância do perdão.

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