O Filho de Ester, Jean Sasson

O Filho de Ester, de Jean Sasson, foi um dos livros que comprei em uma promoção sem nunca ter ouvido falar sobre. A sinopse me interessou e coloquei no carrinho para garantir o desconto! rs

O livro traz a história de pelo menos duas gerações de algumas famílias no contexto da Segunda Guerra Mundial e em seguida nos conflitos árabe-israelenses que se desenrolaram no Oriente Médio. Para quem gosta de narrativas históricas, O Filho de Ester é um prato cheio. Embora a autora declare que esse é um romance de ficção, toda a sua ambientação é real, inclusive muitos capítulos são abertos por breves resumos do contexto histórico/político para situar o leitor sobre o desenrolar dos acontecimentos.

Minha leitura foi muito fragmentada, lia e dava longas pausas, o que, sem dúvidas, compromete muito a experiência. Por isso fiquei com a sensação de que a história só se desenvolveu melhor a partir da metade (são quase 500 páginas!), quando mergulhei de verdade nas tramas.

O livro é intenso, com personagens com histórias de vida muito fortes. Pudera, diante do holocausto, criação do Estado de Israel, disputas pela Palestina, exílio, guerra civil, terrorismo e tantas outras tragédias retratadas em suas páginas. Mesmo diante da intensidade dos eventos, a autora conseguiu ambientá-los e explicar um pouco do que ocorria nessa intrincada e complexa história do Oriente Médio, tornando-a mais palpável e compreensível.

Com o desenrolar da narrativa, tudo se encaixa e faz sentido. Gostei muito da maneira como a Jean Sasson escreveu, deixando pequenos mistérios e dúvidas pelo caminho para serem resolvidos ao longo da história. No final, tudo fica bem amarrado.

Durante a leitura é impossível não pensar: "o mundo é um ovo!". Simplesmente nossas vidas estão entrelaçadas como num grande organismo vivo cujas partes se influenciam, cujas atitudes e escolhas têm seus reflexos num futuro breve ou distante.

Quanto à abordagem histórica, acho fundamental ler livros, assistir filmes e documentários que expõem a realidade do "lado de lá". Acho importantíssimo que nos informemos sobre o que motiva tatas disputas e conflitos naquelas terras, entre árabes, judeus, palestinos. A História possui um complexidade enorme (continuo com dificuldades para compreendê-la), mas a cada novo contato com as tradições, ambições e crises que se passam naquele território, mais podemos exercitar nossa empatia.

As marcas deixadas por tantas guerras e disputas, sejam elas armadas ou ideológicas, jamais serão apagadas daqueles povos, desses indivíduos que tiveram suas famílias, suas próprias vidas e esperanças violadas. No entanto, embora a guerra seja parte de sua história, sempre é possível recomeçar. E essa é uma das principais mensagens de O Filho de Ester, podemos recomeçar quantas vezes forem necessárias.

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